A Solenidade celebrada neste dia é a certeza de uma Mãe que olha com amor os seus filhos e os consola nos momentos de tribulação e desespero. A rede vazia é a tribulação que aqueles três pescadores vivem, pois não há peixes para alimentar, para gerar a vida e um tempo de esperança no coração daqueles homens. Na tribulação, a Virgem Maria tem o abraço de mãe que vem para acalmar o medo de seus filhos. A presença divina se revela no simples da vida, com aquelas pessoas humildes que trazem no coração a certeza de que podem confiar em Deus.
São João, no Apocalipse, revela a imagem da Igreja nascente que vive as inúmeras perseguições causadas pelo poder do mal que é parcial, mas não total. Esta alegoria é também vinculada à imagem da Virgem Maria que sofre os desafios de ser a mãe do Salvador. Uma deve ser a nossa certeza: a vitória sobre o pecado acontece na obediência aos desígnios divinos. A Igreja que está atenta aos ensinamentos dos apóstolos, guiada pela força do Espírito Santo gera sinais evangélicos com seu sangue derramado, o testemunho dos mártires. Jesus Cristo abre para nós o caminho do Céu e na sua entrega, aprendemos a amar aqueles que nos perseguem, a rezar por aqueles que nos humilham e nos desprezam.
O Evangelho de João apresenta o sinal do casamento com o qual Jesus inicia um tempo novo manifestando a sua glória em Caná da Galileia. A mudança de água em vinho é um prelúdio da sua glorificação na cruz, na qual sairá sangue e a água de seu lado, dando à Igreja os sacramentos do Batismo e a Eucaristia. O vinho, na Sagrada Escritura, designa os dons que o Filho de Deus, o noivo esperado pela humanidade, veio conceder a todos e o maior deles é a salvação.
Deus quer oferecer esta festa para todos, mas muitos ainda não quiseram participar e se recusam abertamente a viver este tempo novo de alegria. A “Mãe de Jesus”, título que o Evangelho de João concede à Maria, aparece neste contexto e no Calvário (19,25). De fato, a missão de Maria na obra da redenção é expressa nestes momentos. Maria está no começo e no fim da vida pública de Jesus. Ela acompanha e está atenta às necessidades. Não se sobressai, não é a mais importante, mas é cooperadora na obra do Salvador, semelhante àquela mãe que consola o seu filho nos mais diferentes momentos de sua existência acolhendo-o em seus braços.
O contexto de Caná confirma em Maria a sua maternidade divina, segundo o espírito e não apenas
na carne. Ao dizer sim ao projeto salvífico de Deus, Maria primeiramente aceita a salvação no seu coração, na sua vida e tudo isso a provoca a ser a “nova Eva”, uma mulher nova, sensível às do povo. Eles “não têm vinho!” longe de ser algo banal, expressa a ausência do divino no humano. É a falta de alegria, de esperança e doação na existência da humanidade. Maria não é omissa a essa realidade, não fecha seus olhos e o seu coração à realidade do povo. Afinal, o Noivo está presente e a festa não pode se encerrar. Maria é aquela que intercede pelos homens, sensível aos seus clamores.
Santo Afonso Maria de Ligório escreve que “o coração de Maria, que não consegue deixar de se comover com os infelizes, […] levou-a a assumir o ofício de intercessora e a pedir a seu Filho o milagre apesar de ninguém lhe ter solicitado. […] Se esta boa Senhora agiu assim sem que lhe pedissem, o que não teria feito se lhe tivessem rogado?
A Igreja ressalta a participação de Jesus neste casamento, apresentando assim a beleza e bondade do Matrimônio, sacramento, sinal sensível da graça divina que confere aos esposos a salvação que acontece no cotidiano da vida. A família foi sonhada por Deus e aqueles no qual foram chamados desde o ventre materno para formarem uma família, tem a missão de serem sal e luz, conduzindo um e outro para o caminho da salvação.
Quantas famílias que testemunham a santidade em seus lares e ensinam a outras o caminho da salvação! São João Paulo II, ao incluir os mistérios luminosos, no Santo Rosário descreve que “a revelação, no batismo do Jordão é oferecida diretamente pelo Pai e confirmada pelo Batista, está na boca de Maria em Caná e torna-se a grande advertência materna que ela dirige à Igreja de todos os tempos: “Fazei o que Ele vos disser (Jo 2,5).
Advertência esta que introduz bem as palavras e os sinais de Cristo durante a sua vida pública, constituindo o fundo mariano de todos os “mistérios da luz”. Somos peregrinos de esperança e com Maria queremos anunciar um tempo de alegria, em que mesmo diante das dificuldades dos “dragões” a serem vencidos, termos a certeza de que o Senhor pode tudo e pode transformar nossas tristezas em lugares de festa e de vida. Ninguém está só quando Maria, Jesus e o Pai Celestial se fazem presente!
Direto dos Estúdios da TVJC – Pouso Alegre/MG.
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