A liturgia deste domingo, mais do que assustar com previsões de fim do mundo, quer mostrar que Deus tem a última palavra sobre a história. Tudo vai passar, os que praticam a injustiça, as grandes estruturas, tudo. Deus, porém, não passa. Ele é o Senhor da história. No entanto o povo que sofrera as agruras da Babilônia pensava que, uma vez de volta à pátria, teria só paz e harmonia. Mas não foi assim. As injustiças continuaram a ser praticadas, não mais apenas pelos opressores externos, mas pelos próprios irmãos, em seu país. Pior, parecia que as profecias de novo céu e nova terra não tinham se cumprido. Os maus prosperavam, os justos sofriam e parecia que Deus não estava vendo.
Alguns duvidavam de Deus. Em Malaquias 3,19-20 percebe-se que ele quer animar a comunidade, alertando que a última palavra é de Deus: que o bem vencerá. Alguns tessalonicenses pensavam que o fim estivesse próximo e que, por isso mesmo, não valeria mais a pena trabalhar e buscaram outros caminhos. Com a vinda do Filho do Homem, tudo seria transformado. Em 2Ts 3,7-12, Paulo condena essa fantasia. Todos devem trabalhar e comer o pão, fruto do seu suor e trabalho.
Através da história, sempre houve interesse em querer marcar uma data para o fim do mundo. Mas isso é perda de tempo, reservado para fanáticos e fundamentalistas. Em Lucas 21,5-19 que é a Palavra de fé deste domingo, Lucas lembra que haverá grandes problemas: destruição do templo – que no tempo dele já tinha acontecido –, guerras, terremotos, pestes, doenças, pandemias etc. Tudo isso apenas mostra que tudo passa, até os maiores sistemas políticos e religiosos.
Ao longo da história do cristianismo, houve muitas guerras, perseguições, fenômenos da natureza, pestes etc., porém, o fim ainda não veio, apesar dos “pregadores do fim” de todos os tempos. O texto de hoje quer incutir ânimo ao povo, apesar das dificuldades: “É preciso que essas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim, pois quem perseverá diante do que considera injusto, está querendo sombra é água fresca, e não é assim que o sistema funciona, a vida do Criso é nosso maior exemplo, não se consegue nada, absolutamente nada, sem esforços, desafios e até injustiças nos desanimando a prosseguir”.
Em linguagem apocalíptica se mostra que os cristãos não devem dar ouvidos a falsos anunciadores, mas saber que ainda resta muita história: “Antes disso tudo, porém, sereis presos e perseguidos”. Em outras palavras, o que acontece, a começar pela destruição do templo, é um sinal de que aquele sistema não era absoluto. Tudo cai e a história continua. Por isso, os discípulos devem resistir, não temer os tribunais, porque tudo é experimento para ver a sua perseverança diante dos problemas que surgem, porque sempre haverá obstáculos para serem contornados.
Assim, nos tempos atuais, onde também não faltam conflitos, guerras, perseguições, cataclismos, pestes, pandemias, injustiças, mais do que esperar o fim do mundo, que nenhum ser humano sabe quando virá, só o Pai, convém reavivar a fé: tudo passa, mas Deus e o seu projeto para a humanidade permanecem. Um novo mundo, não o do além, deve ser construído aqui na história por aqueles que enfrentam as perseguições, os dilemas da vida, pois sabem que com Deus vencerão. Não se perderá um só cabelo, pois a história, mesmo problemática, está nas mãos de Deus.
A Palavra nos ilumina e nos ajuda a nos comprometer com a verdade de Cristo e a transformação do mundo. Deixemos que ele nos conduza. Porque Deus escreve certo por linhas tortas.
Nossa história está cheia de crises. Elas trazem muito sofrimento e perdas. Existem crises pequenas e grandes, mas sempre dolorosas: doença grave, conflito no casamento, morte, desilusões, sofrimentos, ou ainda inundação, pandemia, guerra, invasão, ingratidão, que muitas vezes superam nossos limites de tolerância… Jesus profeticamente apontou para crises que os discípulos teriam pela frente: sua morte, a destruição de Jerusalém pelos romanos, o julgamento no final da história. E alertou como enfrentar essas crises: não se deixar enganar por falsos alarmes em seu nome; não se apavorar, mantendo a calma e a confiança; procurando ajudar de alguma forma, dar testemunho de sua fé; e ser perseverantes no caminho do bem e da verdade. As crises, se bem vividas, são purificadoras e marcam um novo recomeço.” Tudo é questão de bom senso, serenidade e paciência, porque são crises passageiras.
Todos nós esperamos dias melhores, cheios de esperança e de vida. O tempo de Deus, porém, não é o nosso, e assim tudo será realizado quando o próprio Senhor nos concede viver, quando nos convida a servir. É nas horas difíceis que provamos a nossa fé, a nossa consistência diante dos desafios. É permanecendo firmes que iremos ganhar a vida, disse Jesus. Acorde meu irmão, minha irmã para a realidade da vida e procure ser mais complacente com seus irmãos conforme determinou o Rei dos reis, Jesus!
Direto dos Estúdios da TVJC / Pouso Alegre MG






















































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