Estamos diante de um convite para aderir, com todo o coração e com todo o ser, às propostas e aos mandamentos de Deus que chama pessoas para a sua merce. No entanto, perguntavam os exilados: como encontrar o caminho e descobrir o que Deus propõe? Como saber o que Deus quer de nós, de modo que não voltemos mais à escravidão do pecado?
Os teólogos deuteronomistas estavam convencidos de que não é necessário procurar muito longe, nem no céu, nem no mar, nem em qualquer outro lugar inacessível ao ser humano. O caminho que Deus propõe não é escondido, misterioso ou reservado apenas aos iniciados ou iluminados; é um caminho claramente inscrito no coração e na consciência de cada pessoa. A mensagem apresentada, portanto, nos diz: para compreender o projeto de salvação, de liberdade e de felicidade que Deus tem para nós, basta olhar para o nosso próprio coração e para a nossa consciência. É aí que Deus fala, e é aí que podemos escutar suas propostas e orientações.
Resta-nos estar disponíveis para escutar e discernir o que o Senhor nos fala através da sua palavra, e como ele nos chama para fazer parte do seu rebanho. Pode acontecer, porém, que nossos interesses egoístas, nossas ambições, paixões, esquemas e projetos pessoais abafem a voz de Deus e nos impeçam de ouvir suas propostas, de aceitar seu convite. Saber quais são, para mim, essas outras “vozes” que calam a voz de Deus? Que lugar ocuparam em minha vida? E o que fez mudar de opinião, se isolar do chamado!
Um escrito por Paulo, na prisão, para a comunidade de Colossos, nos apresenta Cristo como a referência fundamental, como o centro em torno do qual se constrói a história e a vida de cada crente. Embora o texto fuja um pouco da temática geral das outras leituras, a catequese sobre a centralidade de Cristo nos leva a refletir sobre a importância do que Ele nos diz no Evangelho de hoje. Se Cristo é o centro a partir do qual tudo se organiza, devemos escutá-lo com atenção e fazer do amor a Deus e ao próximo uma exigência fundamental do nosso caminho de fé.
Cristo deve ser o centro de nossas vidas, muitas vezes, deixamos que outros ocupem esse lugar, e nossa credibilidade é tanta que não vemos que tem pessoas se fazendo de cordeiro quando na verdade é um lobo disfarçado, pronto para atacar e destruir o que plantamos com fé e amor: os bens materiais, as realizações pessoais, o desejo desenfreado de poder e de possuir atrapalham o seguimento que Deus tem para cada um de nós. Satanás é astucio e enganador. Faz de tudo para nos afasta de Deus e de seu Reino.
No Evangelho que acabamos de aclamar e ler, seguimos “a caminho de Jerusalém”, onde Jesus prepara os discípulos para serem testemunhas do Reino após sua partida deste mundo. É nesse contexto pedagógico que surge a parábola do Bom Samaritano. O que está em jogo no texto é a pergunta feita por um mestre da Lei: “O que devo fazer para herdar a vida eterna?”
Ele mesmo responde: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Jesus concorda, mas, querendo colocá-lo à prova, o mestre pergunta: “E quem é o meu próximo?” Para responder, Jesus narra a parábola do Bom Samaritano. Vale destacar que samaritanos e judeus, à época, não se davam bem. Portanto, não é por acaso que o personagem positivo da parábola seja um samaritano.
Ao longo de uma estrada, ele encontra um homem roubado e espancado por assaltantes. Antes dele, haviam passado por ali um sacerdote e um levita, pessoas dedicadas ao culto de Deus, mas não pararam. O único que socorre o ferido é justamente o samaritano, aquele considerado estrangeiro e sem fé. O Bom Samaritano viu, sentiu compaixão e cuidou daquele homem.
Ser capaz de sentir compaixão: esta é a chave que Jesus espera de nós com relação ao próximo. Se, diante de uma pessoa necessitada, seu coração não se comove, algo não está funcionando bem. Fiquemos atentos. Não nos deixemos levar pela indiferença egoísta. A capacidade de compaixão tornou-se a medida do verdadeiro cristão, ou melhor, dos ensinamentos de Jesus.
E quem é o meu próximo? São irmãos e irmãs à beira do caminho, esquecidos, invisibilizados. Devemos ser capazes de ver Jesus nesses rostos. Às vezes, dentro da nossa própria família, há alguém à beira do caminho precisando de ajuda. Precisamos ver, sentir compaixão e cuidar! Só assim herdaremos a vida eterna e estaremos cumprindo os mandamentos de Jesus.
Direto dos Estúdios da TV Jornal da Cidade – Santa Missa em Seu Lar
DEIXE SEU COMENTÁRIO | Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site.