A parábola do administrador infiel é um alerta sobre os obstáculos, desafios e exigências do discipulado. Provoca-os a serem ágeis e espertos nas coisas do Reino. O administrador agiu de forma muito esperta nas questões econômicas e negociações. Ele usou o dinheiro para ganhar a simpatia dos amigos devedores de seu senhor. Abre mão de seus lucros para captar a benevolência dos devedores que garantirão seu futuro. O patrão elogia a esperteza do administrador. O que interessa nessa parábola não é o homem rico, o administrador ou a desonestidade com que ele age.
O texto lido hoje – Lc 16,1-13 – é considerado um dos ensinamentos mais difíceis e surpreendentes de Jesus, e até contraditório, pelas razões que mostraremos a seguir. Trata-se da chamada parábola do “administrador infiel ou desonesto”, que visam explicar o sentido da parábola, tornando-a menos contraditória. A parábola é exclusiva do Evangelho de Lucas, enquanto parte das sentenças que a seguem encontram paralelismos no Evangelho de Mateus.
A maioria dos estudiosos consideram esta parábola a mais difícil de todas as parábolas da Bíblia, pois, à primeira vista, Jesus parece apresentar um homem desonesto como um modelo a ser imitado pelos discípulos. Aqui, vale lembrar que o caminho, no Evangelho de Lucas, é o programa formativo de Jesus para seus discípulos, mais do que um percurso físico e geográfico. Geralmente, as parábolas propõe um personagem exemplar, um modelo a ser imitado pelos discípulos de Jesus, mas nesta de hoje, nenhum dos personagens serve de paradigma: nem o patrão, nem o administrador, embora seja louvável a sua capacidade de tomar decisão acertada no momento mais crítico da vida.
Ainda a nível de contexto, é importante recordar que este texto faz parte de um capítulo todo dedicado à reflexão ao uso dos bens materiais e das riquezas. Trata-se do capítulo dezesseis de Lucas, que começa com a parábola do administrar infiel e termina com a do “pobre Lázaro e o rico avarento” (Lc 16,19-31). Isso mostra a importância que o tema do uso dos bens materiais tem na obra de Lucas: no programa formativo dos discípulos ele dedica um espaço considerável a este tema. Além da relevância importância do tema, esse dado revela as prováveis dificuldades da comunidade na vivência desta dimensão importante da vida. E as duas parábolas são exclusivas do Terceiro Evangelho. Ambas são intercaladas por sentenças de efeito prático exortativo em estilo proverbial, que funcionam como interpretação da primeira parábola, a de hoje, é preparação para a segunda, que será lida na liturgia do próximo domingo. Vamos a um cântico para a reflexão e voltaremos com a homilia explicando os detalhes da Palavra de Fé que Lucas nos proporciona.
Direto dos estúdios da TV Jornal da Cidade
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