Os habitantes de Naim interpretaram, corretamente, o gesto de bondade de Jesus em relação à viúva que perdeu seu único filho. “Deus veio visitar o seu povo”, foi a exclamação do povo diante do acontecido. A visita divina acontece na ação compassiva e misericordiosa de Jesus em relação aquela mulher que, além de ter perdido o marido, agora perde também o filho.
Na sociedade da época, o vínculo social se dava pelo viés masculino. Perder o marido e o filho, significava ser deixada a própria sorte, abandonada, dependente da caridade das pessoas, com o risco de sofrer maus tratos e humilhações. A viúva, afogada pelos soluços e lágrimas, nada pede a Jesus. É Ele quem toma a iniciativa e, para diminuir a sua dor, diz: “Não chore”; e ao morto: “Jovem, eu te ordeno, levante-se”. A palavra de Jesus restitui a vida do jovem e a palavra: “Começou a falar”.
Jesus recupera a esperança e o sentido de viver. Aponta para um futuro de segurança, sem os riscos que o desamparo ocasiona. Garante a dignidade a viúva e a vida ao filho. Na ação compassiva e misericordiosa de Jesus se concretiza a visita de Deus ao seu povo. Esta ação continua na ação dos discípulos de Jesus e do Reino, ao longo de todos os tempos. Eles continuam interrompendo a procissão da morte (enterro) e transformando em procissão da vida no seguimento de Jesus, devolvendo a alegria e a vida para todos.
Hoje, celebramos o Dia de Finados, uma data marcada pela saudade e pela lembrança dos nossos entes queridos que já partiram. Entre as tantas belezas da natureza humana, talvez uma das mais profundas seja essa capacidade de lembrar, de manter viva a memória daqueles com quem convivemos. E, em nossa língua, temos uma palavra única para expressar essa emoção: saudade. Ela expressa não apenas a ausência física, mas o desejo de reencontro, o carinho que permanece.
A saudade, no entanto, no contexto da nossa fé cristã, vai além da lembrança do passado. Como as leituras de hoje nos mostram, ela também aponta para o futuro. O sábio nos transmite uma bonita mensagem: Os justos estão nas mãos de Deus. Mesmo que, aos olhos dos ímpios, pareçam ter desaparecido, os justos estão em paz com o Senhor. Encontramos a expressão de uma pessoa que, em meio à dor e ao sofrimento, mantém viva a esperança. Lembremos de Jó que clama por um redentor e, em meio à sua tribulação, profetiza a sua confiança na ressurreição: “Eu sei que o meu redentor está vivo e, por fim, se levantará sobre a terra”. Essa certeza de Jó ecoa no coração de cada cristão. Sabemos que a morte não é o fim, mas o início de uma transformação, como rezamos sempre “Para os que creem em Cristo, a vida não é tirada, mas transformada.”
O autor do apocalipse nos apresenta o sonho do novo céu e da nova terra, quando não mais haverá nem luto, nem sofrimento. Deus deseja renovar todas as coisas com a colaboração do ser humano. Jesus é a presença do Deus misericordioso no meio do seu povo. Sem ninguém pedir, ele se aproxima da pobre viúva e lhe devolve o filho único que representa seu último recurso para a sobrevivência. Jesus vem como o Senhor capaz de vencer as forças da morte que nos aprisionam.
Assim, queridos irmãos e irmãs, ao celebrarmos este dia de Finados, lembremo-nos de que a nossa saudade é cheia de esperança. Não é uma saudade de desesperança, mas de confiança em Deus, que nos prepara para a vida eterna. Desfeita essa morada terrena, nos é dada uma eterna mansão no céu.”
Que esta seja a nossa fé, a fé da Igreja, que nos sustenta hoje e nos faz caminhar em comunhão com nossos queridos falecidos, sempre na esperança de um dia nos reencontrarmos na vida eterna. Senhor, que os meus gestos de compaixão e misericórdia em favor dos irmãos que sofrem, sejam a concretização do amor divino em favor da humanidade.
Direto dos Estúdios da TVJC – Pouso Alegre/MG






















































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