A celebração da Solenidade da Virgem Maria tem o seu valor e importância na capacidade de nos levar para uma relação mais profunda com Deus, pois nos apresenta Maria como um modelo de pessoa que acolheu e viveu este relacionamento com perfeição. Neste sentido, a veneração que damos à Maria por intermédio de Nossa Senhora Aparecida se orienta para Deus, e nunca para ela mesma, pois ela não é a meta, mas uma parte importante do caminho para se chegar ao Pai.
O Evangelho que meditamos hoje é sinal disso. Ele é um texto eminentemente cristológico, isto é, nos revela Cristo. À medida que o Filho de Deus se revela, o papel de Maria é delineado na história da salvação, porque está sempre subordinado à missão do Filho. Alguns símbolos nos ajudam a compreender essa realidade. O casamento é sinal da Aliança de Deus com o seu povo. Contudo, esta Aliança estava perdendo a sua força, o vinho estava a faltar. No contexto da Aliança enfraquecida, surge Jesus, que dará início aos sinais de que uma Nova e Eterna Aliança que será estabelecida entre Deus e seu povo. O nome de Maria não é mencionado, mas ela é apresentada como a mãe de Jesus, e aparece associada ao grupo dos discípulos de seu filho.
Maria se torna a porta-voz da comunidade de Israel que pede a Deus a vinda dos tempos messiânicos: “Eles não têm mais vinho”. Ao chamar sua mãe de “Mulher”, Jesus honra Maria com este lugar de porta-voz do povo de Deus aflito. Neste sentido, Nossa Senhora Aparecida, a Rainha do povo brasileiro, é figura de Maria que intercede para que venha paz e a salvação, com muitos milagres realizados.
No Evangelho de João, Maria aparece apenas duas vezes, e sempre ligada a esta “hora” do Filho de Deus. Ela aparece nas Bodas de Caná, como vemos hoje, e aparecerá na crucificação, quando será novamente chamada de “Mulher” e aos seus cuidados serão colocados toda a comunidade dos discípulos amados de Jesus: “Mulher, eis aí o teu filho. Filho, eis aí a tua Mãe”. Nisto, revela-se o seu significado eclesial, que Santo Agostinho e São Bernardo viram na Mulher do Apocalipse um símbolo de Maria: A mulher adornada de esplendor (sol, lua, estrelas) simboliza o povo de Deus, tanto o antigo Israel (do qual nasceu Jesus, segundo a carne) como o novo Israel, o Corpo de Cristo, a Igreja.
Este símbolo pode ser aplicado à Virgem Maria sem nenhum prejuízo para ambas as partes, pois Maria, ao mesmo tempo que se insere no mistério da Igreja, nos ilumina e nos protege.
Maria é também a mãe dos membros do Corpo de Cristo. O pedido de Maria se dirige aos que estão servindo, imagem dos cristãos chamados ao serviço, dos que dizem sim ao chamado: “Fazei o que ele vos disser!” As seis talhas, usadas para a purificação dos judeus, simbolizam a imperfeição dos rituais que não eram mais capazes de trazer a libertação e purificação para o povo de Israel. A água, com a qual foram enchidas as talhas, são um símbolo da Lei, e o vinho abundante é sinal da alegria infinita que brota com a chegada dos tempos messiânicos, ou seja, com a chegada da salvação que vem de Deus.
Maria é como uma estrada que nos leva a Jesus. Os que por ela buscarem o Senhor, em suas aflições, em suas necessidades, alcançaram graça. Quando faltar o vinho da alegria, da paz, da concórdia, do perdão, certamente se encontrarão com a abundância desta graça de Deus através dela. Celebrar o mistério da Virgem Maria é para nós uma escola de encontro com Jesus pela via da obediência à sua Palavra: Fazer tudo o que Jesus disser foi um caminho que Maria trilhou por primeiro: “Faça-se em mim segundo a vossa Palavra”.
A Maria do Evangelho é a mesma Nossa Senhora da Conceição Aparecida, solenidade que celebramos no dia de hoje. Nas mais variadas nomenclaturas de Maria notamos a mesma identidade: aquela que é obediente ao Senhor, que diz sim ao chamado, que cuida de seu filho, que defende a vida, que é atenta a realidade de todos os seus filhos e solidária com os necessitados. Essa é a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil.
Com Maria queremos doar a Deus o que é de Deus: toda a nossa vida, nossos esforços por um mundo melhor e o nosso desejo de que Jesus seja cada vez mais conhecido e amado. Importante comemorar o Dia de Nossa Senhora Aparecida e padroeira do Brasil, queremos lembrar a Sua assunção. Sim, pois depois de assunta aos Céus, Maria está junto do Filho, na glória do Pai, intercedendo por cada um de nós. Prova disso são milhares de milagres que são realizados todos os anos desde sua aparição em 1717.
Meus irmãos e minhas irmãs – Segundo a Tradição da Igreja, logo após a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, João a teria levado para morar com ele, assumindo-a como mãe, numa cidade chamada Éfeso. Todavia, antes de Maria vir a morrer – entenda-se esta morte não como consequência do pecado, pois Maria não pecou. O termo “dormição” é para dizer de uma morte diferenciada.
João a teria trazido para Jerusalém. Maria morre e é assunta em Jerusalém; pode-se dizer que ela tenha sido velada no Monte Sião, e levada para ser sepultada ao lado do Monte das Oliveiras, túmulo este que se encontra vazio – obviamente – e que pode ser visitado e visto até hoje.
A Santíssima Virgem Maria participa da Glória do Filho e é a antecipação da sorte dos eleitos; isso significa que já existe uma criatura ressuscitada no Céu em copo e alma: Maria. Mas tudo isso devido ao fato de Deus tê-La preparado para esta missão tão linda e particular: ser a Mãe do Filho d’Ele. Todavia, sabemos que houve uma colaboração pela parte de Nossa Senhora. Para dizer que ela é modelo de como ser Igreja. O devoto da Virgem Maria é aquele que toma a decisão de viver as virtudes dela para servir. A saber:
Mulher do silêncio: Precisamos aprender com Maria a silenciar o nosso coração de todas as agitações do mundo e de todo barulho, fruto das realidades que são contrárias à vontade de Deus na nossa vida. Silenciar é muito mais que não fazer barulho, é ter a coragem de retirar-se constantemente para encontrar-se com o Senhor, e aí escutar o Seu Coração.
Mulher da Palavra: A Santíssima Virgem rezava os salmos; era íntima da Palavra de Deus; prova disso é ela repetir o Cântico de Ana ao se encontrar com Isabel, cântico este lá do Antigo Testamento. Muito mais que o fato de narrar esse cântico, a prova de que a Virgem Maria é a mulher da Palavra é a sua total confiança na misericórdia e na providência de Deus, que regia toda a sua vida e a vida do mundo.
Mulher do serviço: Maria sobe a montanha para visitar a sua parenta Isabel; ela vai à casa da prima não tendo como prioridade tratar de serviços domésticos, mas para levar o mistério até a vida daquela que, com certeza, muitos traumas trazia pelo fato de ter sido estéril por muitos anos – fato tido como sinal de maldição.
Mulher da obediência: Maria só tinha olhos para a vontade de Deus, para obedecer ao Todo-poderoso nas circunstâncias ordinárias da vida; é ela quem diz a cada um de nós – única frase de Maria na Sagrada Escritura, de forma direta: “Fazei tudo o que Ele vos disser.”
Melher e Mãe da Humanidade: Foi ao pé da cruz que recebemos Maria como mãe, não é algo que a Igreja católica inventou, Jesus após ser despojado de suas vestes, vê sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí o seu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis aí a sua mãe”. E desde essa hora o discípulo a recebeu em sua casa. Assim como o discípulo amado, nós também hoje acolhemos a Mãe de Jesus em nossos lares. Maria é mãe de todos, Mãe de Deus, e mãe da humanidade. Mas é válido ressaltar, Maria não é Deusa, não é mais que Deus, mas depois de Jesus o Senhor, neste mundo ninguém foi maior, como canta o Padre Zezinho. São muitas as qualidades de Maria que poderiam ser trabalhadas nesta pequena reflexão a Nossa Senhora Aparecida, Maria vocacionada, Maria do silêncio, Maria mãe e muitos mais. Maria missionária e obediente, aquela que sem hesitação aceita o projeto de Deus em sua vida: “Eis a serva do senhor. Faça-se em mim segundo a sua vontade, disse” (Lc 1,38).
Maria é aquela que pode, verdadeiramente, nos ajudar a encher as talhas da nossa vida. Esta água viva é o Espírito Santo. Quando o Espírito Santo percebe uma alma tomada de amor e da presença de Maria – vem e realiza maravilhas nesta alma. As maravilhas que o Espírito realiza em nós, nada mais é do que encher as talhas da nossa vida para que Cristo nos transforme neste vinho novo.
Direto da Redação da Santa Missa em seu Lar
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